Fotografia de casamento e de família – Belo Horizonte

Repetindo: A Cura: Episódio III

Por Ironia do destino o outro post sumiu e não aceitava comentários. Justo um dos mais importantes. Vou insistir!

Conforme havia dito ontem, quando falava do curso que ministrei para uma turma especial eu me referia mais uma vez ao meu pai que dessa vez foi meu aluno. Foi uma experiência profunda para mim. Mais um episódio dessa reaproximação que ainda se encontra em curso.

No início entrei em sala de aula tenso. Me senti um tanto quanto envergonhado pois ele nunca havia acompanhado de tão perto o meu trabalho como fotógrafo e professor. Tanto ele quanto eu não imaginávamos o que estava por vir (assim imagino). Acho que só há pouco tempo ele ficou sabendo que eu dou aula.

Todo filho busca a aprovação e aceitação dos pais. Atenção pais, anotem a dica! Começa cedo quando o filho ainda criança faz uma cambalhota na piscina e grita, paieeeeeeeê…..olha só o que eu faço! Viu pai como eu sou forte? Pois é. Essa vontade eu senti ontem, após a aula, de perguntar a ele se tinha orgulho de ser meu pai, se tinha gostado da aula, se eu o deixara decepcionado. Foram os dois dias mais longos da minha jornada até então!

Bem, nos primeiros minutos de aula eu fiquei um pouco tenso. A turma se apresentou, ele também. Não contei a ninguém que ele era meu pai, preferia acreditar que era mais um aluno pois não queria estragar nada. Estava com medo, poderia colocar tudo a perder.  Com o passar do tempo fui falando, expus minhas idéias e e a aula fluiu. Depois de um tempo me soltei e quase me esqueci de sua presença em sala de aula. As vezes lembrava rapidamente mas logo voltava para o foco que era o assunto fotografia de casamento. Durante o curso via que ele estava curtindo e isso me deixou mais calmo. Para minha alegria recebi o comentário do Sr. JF hoje que diz o seguinte:

” Vinícius
Foram dois dias de curso muito agradáveis.
Certamente não serei fotógrafo de casamento, porque já tenho uma profissão estabilizada, que absorve todo o meu tempo, além de exigir muita responsabilidade. Continuarei como amador, porém, um pouco melhor. Ao voltar para meu serviço encontrei a mesa cheia de trabalho acumulado, mas , valeu a pena! Foi aprendizado e também terapia.
Além de aprender o que você tão bem nos ensinou, de aprender detalhes técnicos com os simpáticos e amigáveis profissionais que participaram do curso, de conviver bem e trocar dicas com os colegas e os citados profissionais que vieram de diversas cidades do interior de Minas e de outros estados, tive a oportunidade de conhecer e de apreciar de perto seu trabalho.

Fiquei surpreso com sua didática, com o seu conhecimento e com a sua competência. É sinal que você tem estudado e praticado bastante. Ao voltar para casa, na noite do primeiro dia de aula, a primeira coisa que disse para sua mãe foi que estava orgulhoso de você. Ensinou muito bem, explicou com segurança, não escondeu nada do que tem aprendido, pelo contrário, foi muito transparente e “abriu o jogo”. Se a turma ficou calada foi porque ficou magnetizada absorvendo e ruminando tanta coisa boa e interessante que você nos ofereceu.
Quem ensina é o que mais aprende, e quem dá muito é o que mais recebe. Isto é um princípio espiritual, é a lei do retorno ou de causa e efeito.
Quanto à minha avaliação, dei 9 porque 10 é a meta, é a perfeição, e perfeição é sempre procurada, mas nunca alcançada e deve ser buscada por toda a vida. Nosso lema deve ser: hoje melhor do que ontem e amanhâ melhor do que hoje!
Fiquei também muito feliz ao escutar de alguns colegas que gostaram muito do curso, que valeu a pena, e que voltarão à sua escola para reciclagem e aprimoramento.
Que Deus abençoe a você, à Escola de Imagem e a todos que nela trabalham.

Seu pai e seu aluno, talvez aplicado.

João Flávio de Matos”

Acho que tenho direito a réplica. Afinal o blog é meu né?

Meu pai,

Obrigado pelas palavras que me servem de incentivo. Sei do seu grau de exigência. Conheço todo esse detalhismo. O seu comentário para mim é uma medalha agora estampada no peito. É como se eu chegasse do outro lado de um deserto e matasse minha sede após anos debaixo de sol causticante. (preparem-se, hoje estou inspirado gente). O senhor sempre quis que eu fosse uma pessoa aplicada, alguém que corresse atrás ou talvez na frente para ser um bom profissional e para servir as pessoas através do meu trabalho. Esse foi o conceito de trabalho que você me passou desde pequeno. Foi esse o exemplo que sempre tive também da minha querida mãe que não é muito citada por aqui mas que têm todo o meu amor.

Sempre tive medo de te decepcionar. Por muitas vezes senti que o fiz e aqui te peço perdão pelos dias que não te escutei ou que me rebelei.  Na verdade muitas vezes te ouvia mas não queria dar o braço a torcer. Isso ainda acontece, não vou negar.  Quando resolvi mudar a minha vida profissional senti muita dor e medo. Quem está de fora acha que foi tudo muito fácil, não foi!  Ficava indeciso e sabia que não tinha seu apoio explícito. Na sua cabeça eu poderia me dar mal. Sim, eu poderia e ainda posso e  nenhum pai quer o pior para o filho, hoje sei disso muito bem.

Fico feliz de saber que de alguma forma você se orgulha de mim. Lembro de algumas palavras que me foram ditas quando eu era criança: que eu ainda ia te dar muita alegria. Você falava isso para minha mãe. Por um bom tempo parou de falar, eu sei. Hoje ela me ligou dizendo que você estava orgulhoso de mim e agora vc me presenteia com um depoimento que vai marcar um momento tão importante da minha vida.

Obrigado pai! Que essa nossa estória sirva para que as pessoas não demorem tanto tempo a se aproximarem daqueles que as cercam. A vida é curta para perdermos tempo.

Beijo no coração do seu professor (mesmo que só por dois dias)

Vinícius

Exit mobile version