Fotografia de casamento e de família – Belo Horizonte

Quanto custa o seu tempo?

Continuando a série de artigos sobre a formação de preços, que iniciou com o post “Você sabe qual é o valor do seu clique?”, falarei sobre o item de mais fácil observação na formação de preços, mas nem sempre bem calculado: o tempo!

O tempo gasto por um fotógrafo para a realização de um trabalho vai muito além das horas que se passa fotografando ou editando as fotografias. Para termos uma estimativa do tempo que apenas um trabalho representa, utilizei como simulação um casamento dentro dos moldes do que é feito no Brasil. Ou seja, desde a preparação da noiva, cerimônia, recepção e um período da festa.

Antes de elencar o tempo gasto para fotografar um casamento, coloco abaixo os itens que estão relacionados ao dia-a-dia do fotógrafo, ou seja, a rotina básica que um fotógrafo de casamento irá vivenciar:

Pelo cálculo oferecido, um fotógrafo gasta uma média de cinco a sete horas por dia somente atendendo clientes e fazendo o seu gerenciamento de marketing através de redes sociais e blog. O tempo estimado com redes sociais e e-mails está ligado somente com o contato feito com clientes, fornecedores, parceiros e público, sem contar o tempo gasto com contatos pessoais, que invariavelmente acabam tirando o foco e fazendo com que a produtividade caia.

Obviamente que o tempo gasto depende diretamente do volume de trabalho do fotógrafo, podendo o tempo com gerenciamento de blog e atendimento a clientes cair para duas ou três horas por semana, por exemplo.

De qualquer forma, seja qual for o volume de trabalho do fotógrafo, é preciso concentrar-se em saber calcular o tempo que os itens relacionados acima representam no montante do trabalho, pois terão influência direta na formação do preço, conforme veremos adiante.

Tempo gasto em um casamento (número de horas por trabalho):

Vamos ao cálculo médio de quanto tempo um fotógrafo leva para fotografar e pós-produzir um casamento completo, considerando todos os ritos tradicionais aqui do Brasil, e considerando a entrega das fotos em um álbum/livro e mais uma quantidade razoável das fotos em alta resolução:

Total de horas por casamento: 25 a 49 horas de trabalho.

Ou seja, apenas um casamento representa uma semana inteira de trabalho para o fotógrafo.

Alguns dos itens listados não dependem de dedicação exclusiva como, por exemplo, a importação de fotos ou backups. Ou seja, enquanto o fotógrafo realiza esses processos poderá efetuar outra atividade, otimizando assim o tempo de trabalho.

Alguns itens também poderão ter redução ou acréscimo no tempo. Como principal item de redução, eu considero a terceirização de serviços essenciais, como a edição/tratamento de imagens e a diagramação dos livros/álbuns. O acréscimo de mais horas de trabalhos pode se dar quando o fotografo oferece outros produtos como cópias de livros, impressões, slide-shows, etc.

Observe que não foi considerado no cálculo o tempo do ensaio pré-casamento, que normalmente é feito. No caso da produção deste ensaio, aí haveria um novo cálculo a ser acrescido:

Ensaio

Total de horas por ensaio: 7,5 a 15 horas de trabalho.

Portanto, se o fotógrafo vende o ensaio pré-casamento (ou pós), o tempo total do casamento salta para, em média, 32 a 54 horas de trabalho no total.

Como aplicar essa conta na prática, na hora da formação de preços? Vamos lá:

Vamos, hipoteticamente, considerar um fotógrafo que tenha um casamento por final de semana para fotografar. A média de horas de trabalho para um casamento dele é de 40 horas. Vamos considerar também que ele gastará um total de cinco por dia para atender seus clientes e gerenciar as mídias sociais.

Portanto:

4 casamentos x 40 horas = 160 horas mês

Atendimento, mídias, blog: 110 horas mês (22 dias úteis)

Isso resulta num total de 270 horas/mês de trabalho, ou 67,5 horas de trabalho por casamento (sem considerar o ensaio pré-casamento).

Dividindo-se o valor cobrado pelo casamento, subtraído dos custos de produtos (livros, álbuns), dos custos de depreciação (conforme visto no artigo anterior), e dos custos fixos (que veremos no próximo artigo), chegaremos ao valor por hora do fotógrafo.

Na prática é difícil chegar com exatidão ao valor da hora, pois os custos de depreciação e até mesmo os fixos podem variar, além de existir uma sazonalidade do volume de casamentos para a maioria dos fotógrafos.

Entretanto, é crucial saber a duração média de cada trabalho realizado, considerando os cálculos acima, para que não haja uma subvalorização da hora de trabalho, ou seja: o fotógrafo vende o serviço com um valor muito baixo, acarretando assim um maior volume de vendas, que por sua vez vai representar um maior número de horas por mês, isso acaba tornando o valor da hora trabalhada muito baixo, por vezes o profissional acaba pagando para trabalhar.

As alternativas mais viáveis para diminuir o montante de horas trabalhadas é terceirizar serviços, como o de edição/tratamento e diagramação dos livros (porém, o custo desses serviços deve ser atentamente observado e agregado ao valor).

Nos EUA e na Europa, e em alguns casos já no Brasil, determina-se um limite de horas para a realização de um casamento, cobrando um valor por hora adicional. É uma boa opção para evitar que o trabalho se estenda muito, chegando até determinada hora da festa onde as fotos já não são mais tão produtivas.

Os mesmos cálculos aqui apresentados poderão ser utilizados para outros trabalhos, levando sempre em conta as particularidades de cada um.

No próximo artigo falarei sobre os custos fixos envolvidos no desenvolvimento de um trabalho.

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Foto e artigo: Diogo Ramos.

Texto publicado através da Editora Photos.

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