Fotografia de casamento e de família – Belo Horizonte

Os equívocos do aprendizado fotográfico (by Clício Barroso)

Li esse post no blog do Clício Barroso e achei simplesmente fantástico. Algumas verdades foram ditas e por trabalhar com o ensino da fotografia e por concordar, sem demagogia com o que foi escrito por ele, resolvi aqui replicar sua postagem que vale a pena ser lida mais de uma vez.

Pode-se ensinar fotografia de três modos; o técnico (prático), o conceitual (teórico), e o filosófico (semiótico).
Para quem faz da fotografia o seu meio de expressão, as três abordagens andam de mãos dadas, logo há de se ter um certo domínio de todas (além de cultura geral; visitar muitos museus, galerias, livros e praticar a reflexão). Para quem quer apenas discutir fotografia, os conceitos e a filosofia são prioritários. Para quem quer fotografar comercialmente, a prioridade é a técnica.
O que se observa, porém, é a exclusão do “não-prioritário” na formação dos fotógrafos; os ensinadores teóricos acabam desprezando as técnicas mais elementares em favor da linguagem; os filosóficos admiram, por vezes com evidente inveja, os talentosos, mas conceituam a fotografia realizada de forma abstrata, distante; e os técnicos se aprofundam nos tecnicismos, nos mais ínfimos detalhes de equipamentos que muitas vezes nem chegam a ser usados.
Esta evidente separação do que deveria ser uno, gera as distorções de percepção que temos visto tanto em quem ensina, quanto em quem aprende. Ensinar técnica fotográfica sem se preocupar com a linguagem? Qual das técnicas? Cada ramificação da fotografia requer um tipo diferente de aproximação! Passo-a-passo com exercícios repetidos de situações “reais”? O aluno se transforma em um macaquinho treinado, que vai repetir o que aprendeu pelo resto da vida, se tornando inoperante em situações que sejam diferentes do “usual”.
Na outra ponta, uma fotografia teorizada, idealizada, ensinada por quem mal sabe fotografar, acaba por vezes distanciando o estudante do que é realmente fotografar, frustrando e por vezes deixando perplexo aquele que consegue pré-visualizar o resultado, mas não consegue executá-lo.
Tenho como certo que, quaisquer que sejam as pretensões de quem quer aprender, a sua fotografia só pode se beneficiar se os três fatores estiverem em equilíbrio e as prioridades bem definidas; e isto requer tempo. Tempo de absorção, de reflexão, de treinamento, de escolha de caminhos.
Quem faz um curso, workshop ou consultoria de fim-de-semana e “acha” que vai sair dali fotógrafo, está se enganando, ou sendo enganado.
Quem faz um curso acadêmico absolutamente teórico, por mais longo que seja, e “acha” que vai sair fotógrafo, também está se enganando.
Correndo o risco de ser repetitivo, teoria, prática e o porquê da fotografia *não são excludentes*, e sim a base para se chegar a algum lugar. O estudante que souber enxergar isso mais cedo, vai conseguir apurar o seu olhar, a sua técnica e a sua cultura fotográfica de maneira mais consistente.
Nada mais chato do que aqueles que entendem tudo de equipamentos, mas não possuem um olhar fotográfico. Fotografam mal.
Nada pior que aqueles que só citam os “nomes certos”, e justificam a sua fotografia medíocre com filosofias (da Caixa Preta, da Camara Clara, do Rato Cinza, pouco importa).
Claro que tudo isto se torna absolutamente irrelevante para quem nasce com talento.
Mas esses são muito raros…

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