Ele já existe há quase 2.000 anos, desde quando a igreja católica vendia um lugarzinho no paraíso para os seus fiéis pecadores. Funcionava mais ou menos assim, o sujeito passava a vida toda gozando os prazeres da vida e em um determinado momento, resolvia assinar um cheque e adquiria um voucher com passagem direta para o Céu, sem escala. Na época este produto se chamava Indulgência. Sim, ela era comprada. Muito fácil não? Aos menos afortunados, restava a única opção de tentar ser o mais bonzinho possível e se confessar toda semana na missa de domingo. O céu era garantido apenas aos mais abastados.
Hoje em dia, a história se repete.. É possível encontrar produtos milagrosos em cada esquina. Eu mesmo já fui cliente de um tal Vicentino, que fazia uma loção capilar, na cidade de Moeda – MG com o intuito de fazer nascer cabelos. Resultado? Estou até hoje esperando. Parece que não funcionou.
É possível se matricular em um curso de inglês que te promete falar a língua fluentemente em apenas 100 dias. Acho que sou muito burro. Estou desde os 11 de idade estudando o idioma sendo que eu poderia ter comprado o pacote de DVDS agora em janeiro e estava tudo certo! Em 100 dias meu Inglês estaria perfeito.
No mês passado uma revista dizia bem assim: “Vire fotógrafo em 1 dia e ganhe até 4.000 reais.”
A coisa degringolou. A culpa não é da editora mas sim das pessoas que buscam resultados rápidos sem esforços. Dietas e cursos de idiomas milagrosos funcionam como workshops / cursos de fotografia que te prometem mundos e fundos em pouquíssimo tempo.
Só há produtos “milagrosos” como esses por que há um público ignorante e preguiçoso. Pessoas que querem ser bem sucedidas sem estudar, sem correr atrás, sem nenhum investimento de tempo e esforços. Como ser fotógrafo fosse simplesmente comprar uma câmera e ler um artigo de uma página com supostamente o “mapa do tesouro” e no outro dia já estar faturando 4 mil reais por mês. Chega a ser um ultraje a nossa inteligência!
O público que alimenta estes produtos é no fundo o mesmo que alimenta as lotéricas. Neguinho quer ficar rico e nunca mais trabalhar e passa a vida inteira indo a uma casa lotérica em busca de seu “sonho” de nunca mais precisar trabalhar.
Uma certa vez, eu assisti um video de um Consultor de Empresas, (Valdez Ludwig) em que ele dizia que há dois tipos de pessoas, a que nasce para ser “escrava” e a que nasce para ser “senhor”. Segundo ele, reconhecer uma pessoa que nasce para ser escrava, é muito fácil, basta perguntar a ela o que ela faria se ganhasse na loteria. Se a resposta for do tipo :
..eu nunca mais piso na porta daquela empresa, você está diante de um escravo!
Esta semana, na Feira Fotografar em São Paulo conversei com um dono de uma encadernadora, uma das maiores do país, que me contou como conseguiu tal feito e o quanto sonhou e trabalhava duro desde a época que era empacotador de um supermercado no sul do país. Conversei também com outro fotógrafo que já foi vendedor de Bergamotas. Com meu pai, um grande exemplo para mim, não foi diferente. Ele hoje lidera um negócio modelo dentro do ramo da construção civil. No entanto vendia verduras para ajudar em casa quando era criança. Ele batia na porta das pessoas com um caixote nas costas, foi assim que ele começou. Nenhuma dessas pessoas ganhou na loteria. Nenhum destes empreendedores comprou um DVD que prometia sucesso profissional em 1 dia.
Chegou a hora de acordar. De parar de buscar soluções milagrosas. Vence quem trabalha duro.
Há sim atalhos para a profissão de fotógrafo e eu faço questão de mostrar muitos deles em meus workshops. Agora MILAGRE não existe. A fórmula do sucesso é trabalho duro + foco em busca dos objetivos traçados.
Enquanto estivermos preocupados com o sucesso instantâneo e sem esforço o mercado das promessas milagrosas crescerá. Ele é uma resposta a inércia e preguiça do ser humano.
A culpa é toda nossa. Não adianta reclamar.
Um grande abraço a todos!
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