Eu sempre pedi aos meus fotografados que não olhassem para câmera. Eu entendia que as imagens perderiam fluidez , expontaneidade e naturalidade. Inocentemente acreditava que estes eram os únicos sentimentos que uma imagem deveria passar. Ignorância não? Limitação pura. Além disso uma bela desculpa, mesmo que inconsciente, para não encarar os meus fotografados.
Sim, por algumas razões sempre tive dificuldades de olhar nos olhos das pessoas por muito tempo. O duelo das janelas da alma” sempre me incomodavam muito.
O olho no olho gera reações químicas e fisiológicas que são traduzidas em sentimentos, e/ou vice e versa. Um olhar pode fascinar, meter medo, amedrontar, gerar dúvida, desespero ou pena. Um simples olhar pode ser encorajador ou simplesmente nos tirar o ânimo.
O medo de olhar para mim hoje significa ter medo de sentir e consequentemente de me tornar vulnerável perante o outro. Medo de ser julgado.
A minha terapia predileta, a FOTOTERAPIA (FOTOGRAFIA + TERAPIA) consiste em me conhecer melhor a partir das minhas reações e dos meus sentimentos no ato de fotografar. Eu então fotografo e sempre me questiono por que fiz de um jeito e não de outro. Por que prefiro uma lente e não outra…etc…etc..
Perguntas se tornam mais importantes que as respostas.
Sim, a fotografia para mim é principalmente uma poderosa ferramenta de auto conhecimento.
Nesta sessão, da Taisa e do Luigi, eu me fui ao meu limite. Resolvi enfrentar o tema, olho no olho e descobri que encarar é bom também. Quebrei mais um paradigma ao drescobrir o poder que o olhar tem na narrativa e significado e também me dei conta que a ausência deste mesmo olhar também pode contar história.
Gostei. Vou encarar todo mundo agora nos próximos dias…