Fotografia de casamento e de família – Belo Horizonte

Fotografia é discurso

Reprodução Câmara Obscura by Rodrigo F. Pereira on 5/1/10

Imagine uma folha de papel em branco. Com uma simples caneta, você poderia encher essa folha de papel com uma história, um poema, seus pensamentos, seu ponto de vista. Se você consegue ler este texto é porque foi treinado, durante anos a fio, na habilidade da leitura e da escrita. Você pode, através de sinais especiais e combinações — letras e palavras — organizar qualquer discurso que o idioma permitir.

A fotografia também é uma espécie de discurso. Como qualquer arte visual, ela oferece, através da imagem, a possibilidade de se contar uma história, mostrar uma cena poética, expressar a sua opinião e a sua forma de ver o mundo. No entanto, nós não recebemos anos e anos de treinamento nos elementos do discurso fotográfico como recebemos no uso de palavras e frases. Isso torna a construção e a leitura de fotografias uma tarefa que, embora pareça fácil na prática, é difícil ao se considerar as possibilidades que o idioma da câmera nos permite.

Imagine una hoja de papel en blanco. Con un simple bolígrafo podría llenar esa hoja con una historia, un poema, sus pensamientos, su punto de vista. Si consigue leer este texto es porque fue entrenado, durante años, en la habilidad de la lectura y la escritura. Puede, a través de señales especiales y combinaciones – letras y palabras –, organizar cualquier discurso que el idioma permita.

La fotografía también es una especie de discurso. Como cualquier arte visual, ofrece a través de la imagen la posibilidad de contarse una historia, mostrar una escena poética, expresar su opinión y su forma de ver el mundo. Sin embargo, nosotros no recibimos años y años de entrenamiento en los elementos del discurso fotográfico como lo recibimos en el uso de palabras y frases. Eso torna la construcción y la lectura de fotografías una tarea que, aunque parezca fácil en la práctica, es difícil al considerarse las posibilidades que el idioma de la cámara nos permite.


Dave R

Ao ver boas fotos, nem sempre é possível identificar os porquês de tal julgamento. Geralmente, diz-se que a foto é bonita quando aquilo que ela retrata é bonito. No entanto, a imagem é uma construção do aparelho, que tem a sua própria linguagem, podendo ser mais ou menos controlada pelo seu operador. Quanto mais o fotógrafo conhece essa linguagem e a utiliza em prol das suas intenções, maiores serão as possibilidades criativas e, provavelmente, melhor será o seu discurso. Fotografar ignorando a construção da câmera e apenas retratar o mundo é como escrever apenas copiando.

Bons fotógrafos podem trabalhar de forma que essa construção não seja percebida, fazendo com que o observador mergulhe na cena. Da mesma forma, bons escritores podem elaborar seus textos de maneira que o leitor mergulhe na história. No entanto, enquanto escritores experimentais podem ressaltar aspectos da construção do texto a fim de explicitar esse processo, criando uma espécie de metalinguagem, fotógrafos também podem tornar claros os mecanismos de ação do aparelho, impedindo que o observador caia direto na imagem e, antes, perceba a sua natureza. Na fotografia, pode-se considerar que essa conduta é importante justamente pelo fato de não sermos treinados no seu discurso.

Al ver buenas fotos, no siempre es posible identificar los por qué de tal apreciación. Generalmente, se dice que la foto es bonita cuando aquello que retrata es bonito. Sin embargo, la imagen es una construcción del aparato, que tiene su propio lenguaje, con la posibilidad de ser más o menos controlada por su operador. Cuanto más el fotógrafo conoce ese lenguaje y lo utiliza en pro de sus intenciones, mayores serán las posibilidades creativas y, probablemente, mejor será su discurso. Fotografiar ignorando la construcción de la cámara y apenas retratar el mundo es como escribir apenas copiando.

Buenos fotógrafos pueden trabajar de forma que esta construcción no se perciba, haciendo que el observador entre en la escena. De la misma manera, buenos escritores pueden elaborar sus textos de forma que el lector entre de cabeza en la historia. No obstante, mientras escritores experimentales pueden realzar aspectos de la construcción del texto a fin de explicitar ese proceso creando una especie de metalenguaje, fotógrafos también pueden tornar claros los mecanismos de acción del aparato, impidiendo que el observador caiga directo en la imagen y, antes, perciba su naturaleza. En la fotografía se puede considerar que esta conducta es importante justamente por el hecho de no estar entrenados en ese discurso.


Miles Tsang

O que chamamos de elementos da linguagem fotográfica são os aspectos técnicos implicados na construção da imagem pela câmera. Alguns, como o enquadramento, o movimento e a resolução já foram abordados em detalhes. Mas há outros, como o foco, as cores, o formato, a distância focal. Há um modelo de discurso tido como mainstream na fotografia, ou seja, uma forma de fazer consolidada. Geralmente prega-se que as fotos devem ser nítidas, o enquadramento mostre uma cena fácil de ler, o foco esteja pelo menos num ponto da foto, as cores sejam equilibradas ou sejam substituídas por tons de cinza e por aí vai. Esse modelo é difundido porque é efetivo em mostrar as coisas. As câmeras geralmente são configuradas, manual ou automaticamente, a fim de se manter dentro desse modelo. No entanto, aquele que quer exercitar a fotografia como atividade de criação, precisa entender cada um desses elementos como um leque de possibilidades, um conjunto de palavras pelas quais pode ser optar.

Valorizam-se muito, entre os amadores avançados, as câmeras que têm modos manuais de controle, ou seja, que permitem controlar foco, abertura do diafragma, ISO e tempo de exposição. Ou seja, há uma maior possibilidade de combinações, permitindo variar mais o discurso fotográfico. No entanto, muitos amadores usam o modo manual apenas para fazer eles mesmos o que a câmera faria automaticamente, ou seja, montar o discurso do mainstream. A grande vantagem dos controles manuais e permitir que cada elemento técnico seja visto como uma opção.

Lo que llamamos de elementos del lenguaje fotográfico son aspectos técnicos implicados en la construcción de la imagen por la cámara. Algunos, como el encuadre, el movimiento y la resolución ya fueron abordados en detalles. Pero existen otros como el foco, el color, el formato, la distancia focal. Hay un modelo de discurso que se tiene como mainstream en la fotografía, o sea, una forma de hacer consolidada. Generalmente se dice que las fotos deben ser nítidas, el encuadre tiene que mostrar una escena fácil de leer, que haya foco en por lo menos un punto de la foto, que los colores sean equilibrados o se reemplacen por tonos de grises, etc, etc. Este modelo se difunde porque es efectivo al mostrar cosas. Las cámaras generalmente se configuran, manual y automáticamente, a fin de mantenerse dentro de este modelo. Sin embargo, aquel que quiera ejercitar la fotografía como actividad de creación, necesita entender cada uno de estos elementos como un abanico de posibilidades, un conjunto de palabras por las cuales se puede optar.

Se valoran mucho entre los amateurs avanzados las cámaras que tienen modos manuales de control, o sea, que permiten controlar foco, apertura de diafragma, ISO y tiempo de exposición. O sea, existen más posibilidades de combinaciones, permitiendo variar más el discurso fotográfico. No obstante, muchos amateurs usan el modo manual apenas para hacer ellos mismos lo que la cámara haría automáticamente, o sea, montar el discurso mainstream. La gran ventaja de los controles manuales es permitir que cada elemento técnico se vea como una opción.


Joshua Gardner

Algumas pessoas se incomodam com fotografias que não usam o discurso convencional. Isso ocorre porque a fotografia, quando feita de forma a evidenciar o processo, através, por exemplo, de um corte não convencional, com a aparência dos pontos que a compõem ou com “defeitos” óticos, parece errada. Parece errada porque não obedece o mote de se criar uma ilusão quase perfeita e porque é diferente da grande maioria das fotos, que apenas mostram. Também incomoda porque  a leitura é mais difícil: não basta simplesmente “ver” a cena, coisa com a qual já estamos mais do que acostumados: os elementos fora de lugar saltam aos olhos, e é inevitável dar atenção a eles, que quebram a simples ilusão e a leitura fácil. É preciso entendê-los, tais quais as palavras, e pode ser incômodo passar por esse processo.

Por certo, pode-se ser muito bom no discurso convencional, e pode-se ser muito bom sem conhecer ou experimental outros modelos. Entretanto, parece-me lógico que decodificar a construção da imagem fotográfica e recompor os seus elementos a favor do sentido que se pretende atribuir pode tornar a fala fotográfica muito mais eloquente. Ou seja, em vez de pensar em um modelo único, vale a pena conhecer as palavras e montar o próprio discurso.

A algunas personas les molestan las fotografías que no usan el discurso convencional. Esto sucede porque la fotografía, cuando se hace de manera que deja en evidencia el proceso a través de, por ejemplo, un corte no convencional con la apariencia de los puntos que la componen, o con “defectos” ópticos, parece que está mal. Parece que está mal porque no obedece al patrón de crear una ilusión casi perfecta y porque es diferente de la gran mayoría de las fotos, que apenas muestran. También molesta porque la lectura es más difícil: no basta simplemente “ver” la escena, cosa con la que estamos más que acostumbrados: los elementos fuera de lugar saltan a la vista, y es inevitable darles atención, que quiebran la simple ilusión y la lectura fácil. Es necesario entenderlos, tal cual las palabras, y puede ser incómodo pasar por este proceso.

Por cierto se puede ser muy bueno en el discurso convencional, y se puede ser muy bueno sin conocer o experimentar otros modelos. Sin embargo, me parece lógico que decodificar la construcción de la imagen fotográfica y recomponer sus elementos a favor del sentido que se pretende atribuir, puede tornar el habla fotográfica mucho más elocuente. O sea, en vez de pensar en un modelo único, vale la pena conocer las palabras y armar el propio discurso.

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